COLUNA GUILLERMO PIERNES
por GUILLERMO PIERNES
Foram várias décadas de viver o golfe, desfrutar de belos momentos em companhia de pessoas admiráveis, de percorrer cenários maravilhosos em todos os continentes, de participar em torneios fantásticos, de transmitir e compartilhar emoções com milhares.
“É o jogo da vida” definiu com toda propriedade o ex-presidente Bill Clinton, no topo do poder mundial. Um jogo que obriga a valorizar a humildade e priorizar a integridade!
A recuperação do esporte após a pandemia chegou certamente muito antes do rebrote do valor da integridade e o culto da humildade e a verdade em outras esferas.
No golfe comprovei na prática que tudo pode piorar e que também sempre existe uma saída. Tudo passa.
Pessoalmente, celebrando os meus três quartos de século, eu não tenho muito tempo nem condições atléticas para esperar por mais ação.
Opto por ficar com as lembranças especiais, desejando que muitos continuem com o deleite e outros descubram o golfe, que como as melhoras coisas são rodeadas de preconceitos.
Como jogador eu tive alguns fugazes momentos de glória. A glória no golfe foi muito generosa comigo, considerando o jogo errático de quem nasceu mais para contar histórias que para preencher bons cartões.
Como escritor, jornalista ou colunista de golfe tive o privilégio de ter colaborado sobre esse esporte fascinante para Gazeta Mercantil (então o quarto maior jornal econômico mundial), as revistas Golf & Turismo, Forbes Brasil, Golf Digest Brasil, Adega, New Golf, Golfe+, com artigos e entrevistas reproduzidos nos sites da CBG e federações estaduais, Jornal do Golfe, Blogolfe e APG, alem do portal Golf Empresas.
Sempre tive valioso retorno dos leitores que apreciam informação correta. Por seguir essa linha enfrentei alguns obstáculos quando fui jovem correspondente internacional das agências Reuters e UPI.
Já veterano, também registrei reações impróprias no mundo do golfe por escrever verdades. Senti-me honrado.
Escrevi dois livros relacionados ao esporte: Tacadas de Vida e Liderança e Golfe. Dez anos antes de escrever sobre golfe e saindo da vida diplomática - fui porta-voz em Washington e diretor a OEA no Brasil -, a Universidade de Brasília publicou meu livro Comunicação e Desintegração na América Latina.
O exercício da comunicação me permitiu conhecer todas as molas que movem o esporte.
Como palestrante ligado ao golfe falei para plateias de executivos e funcionários de poderosas instituições, grandes, medias e pequenas empresas. Fui afortunado com esse trabalho ao trazer para o esporte amado alguns patrocinadores e dezenas de novos jogadores.
Também integrei diretorias de federações e clubes, equipes organizadoras de grandes torneios profissionais e amadores em diferentes campos do país. Realizei o primeiro torneio noturno da história do golfe brasileiro.
Vivi o golfe intensa e amplamente. Mas o tempo passou. É um novo tempo.
Estou convicto que já dei o melhor que eu podia dar ao golfe. Recebi como gigantesca recompensa os muitos amigos que ganhei no percurso. Alguns deles insistem “fica...fica...”. Um dia espero que entendam do meu alívio em informar que até aqui cheguei feliz!
Esse mesmo tempo inexorável também permitirá a evolução do golfe brasileiro, a continuação da alegria dos jogos, das risadas, dos abraços fraternos.
No golfe e na vida nunca sabemos quantas tacadas mais vamos dar até o jogo acabar. Assim, nessas próximas tacadas apontarei para outros espaços as quais devotei menos tempo, precisamente por viver intensamente o golfe.
Passei a dar prioridade para escrever, enquanto é possível, sobre as tantas maravilhosas memorias que a vida me presenteou.
Grato golfe amado! Quanto você me brindou. Valeu!