COLUNA GUILLERMO PIERNES
Jogar golfe é vantagem curricular
por GUILLERMO PIERNES

Coluna Guillermo Piernes

Uma importante instituição bancaria mundial pergunta aos seus candidatos a cargos gerenciais de contato corporativo... qual e o seu handicap?

Supõe que alguém que tenha que estar em contato com muitos empresários importantes já joga golfe e conta com essa ferramenta extra para o relacionamento.

Jogar golfe ou entender superficialmente de golfe é um requisito de currículo em várias corporações globais. Hoje desconhecer totalmente o golfe chama a atenção como seria o caso de alguém não saber nada sobre o Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos morando na metrópole brasileira.

Dias atrás o diretor de uma grande multinacional telefonou para mim, preocupado. Tinha sido convidado pelo vice-presidente global da empresa a jogar golfe nos Estados Unidos num mini-torneio de confraternização por equipes entre executivos. Nos dois dias antes de embarcar precisava saber o básico sobre o golfe e poder realizar os movimentos básicos. Confessou seu nível de conhecimento de golfe: zero.

Montamos uma verdadeira UTI no campo executivo do Hotel Transamérica São Paulo. Um instrutor ensinou como empunhar o taco e outros fundamentos do aprendizado. Eu me encarreguei de mostrar a etiqueta do golfe, quando falar, onde se posicionar no campo, a historia do golfe, dos tacos, das bolas, das regras, os aspetos psicológicos do jogo, as experiências empresariais, os aspectos para o golfe ser tão atraente, o que fazer em momentos de frustração ou de euforia.

O executivo trabalhou somente com dois tacos, o putter para as tacadas precisas para embocar a bola no green, e um ferro curto para tentar tacadas de máximo 40 metros com um balanço básico. Não havia tempo para ir além disso. Passamos vários truques para conter a ansiedade, para ver a caídas dos greens, entreguei dois livros para ler no avião.

O diretor do caso é responsável por uma área que fatura U$ 300 milhões anuais, competente, experiente e dedicado. Teve de fazer um esforço extraordinário para preencher a lacuna do currículo. O golfe no alto mundo empresarial é parte das relações públicas como se comportar na mesa, compartilhar um drinque.

O golfe deve ser a bola da vez. O golfe ensina e prepara as pessoas a desenvolver perseverança, equilíbrio emocional, estratégia e também a escolher os tacos mais apropriados e os melhores candidatos nas eleições.

Em linhas gerais o golfe é praticado por pessoas educadas, preparadas, esclarecidas e inteligentes. Logicamente que como toda regra existem excepções e no golfe são realmente difíceis de aturar.

A paciência necessária para jogar golfe é um grande atributo para escolher entre candidatos que frequentemente estão longe do ideal.

Mas o golfista está acostumado a lidar com frustração já que somente 8% das tacadas são satisfatórias, em todo nível de habilidade para praticar o jogo.

O golfe também nos ensina que se a situação é difícil ainda assim sempre podemos sair dela de usarmos nossa inteligência, nossa capacidade.

Quando nossa bola fica atrás de uma árvore ou num barranco sabemos que a nossa tacada poderá não ser a melhor mais possibilitará sair de uma situação de catástrofe.

O ponto principal, escolher o taco mais apropriado para cada situação, para cada tacada. Sim, a analogia é completamente proposital. Estamos no barranco.

Nesses momentos de complicação máxima não podemos nos eximir e transferir a decisão a pessoas que vivem nas trevas de ignorância. Os ignorantes não ajudam. Os mais esclarecidos devem decidir a sua própria tacada.

A capacidade de análise rápida desenvolvida com o golfe deve ser aplicada para as mais trascendentais tacadas, como escolher o melhor taco possível.

As regras eleitorais vigentes são duras e até paradoxais ao transformar o direito de votar num dever. Essa regra se fosse de golfe obrigaria as pessoas que não se importam com o jogo a dar uma tacada.

Porém os jogadores de golfe estamos treinados a respeitar as regras e jogar o melhor possível dentro delas. Os grandes golfistas e alguns políticos sabem que jogar limpo compensa. Outros não.

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